quarta-feira, 1 de abril de 2015

“NOVA DIREITA É INIMIGA DA DEMOCRACIA”

247 – A abordagem sobre a frente de grupos e opiniões que tomou forma nos protestos do dia 15 de março em diversas cidades brasileiras, além de decisiva para elucidar a crise política em curso, tem dividido e confundido as forças mais tradicionais, avalia Breno Altman, em novo artigo publicado em seu blog parceiro do 247. Enquanto partidos como o PSDB correm para se adaptar ao movimento, o PMDB, mais de centro, observa a incidência desta mobilização e o PT e seu governo vivem um dilema, diz ele.

Altman chama de "desastrosa" a entrevista concedida pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, logo após os protestos. Cardozo classificou as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff de "democráticas" e colocou o governo à disposição para o diálogo. O jornalista ressalta, no entanto, que "todas as principais organizações responsáveis pelo 15M brasileiro estavam unificadas por duas palavras de ordem bastante simples: 'Fora Dilma' e 'Fora PT'. O segredo de sua unidade foi deixar em segundo plano qual o instrumento para realizar esse objetivo: impeachment, intervenção das Forças Armadas, renúncia presidencial ou sangria até as eleições de 2018".

"Se tivesse sido feito levantamento entre os participantes das marchas com Deus e a Família, em 1964, provavelmente a maioria se declararia a favor da democracia e se identificaria ao centro. Ainda assim, foram aquelas passeatas que forneceram base de massas para o golpe militar e a ditadura de 21 anos", observa o colunista. "Talvez a jornada do dia 12 de abril revele algum arrefecimento do levante reacionário, mas o ovo da serpente está sendo chocado", acrescenta.

Para Breno Altman, "não estamos diante de mobilização com caráter reivindicatório. Trata-se de ofensiva pelo poder de Estado, em busca do qual a quebra da ordem democrática e a violação da soberania popular são possibilidades anunciadas". Ele compara a nova direita brasileira ao movimento norte-americano Tea Party e ao francês Front National e afirma que ela "está fora do campo republicano, representando ameaça ao regime de liberdades". "Deveria ser enfrentada, portanto, a partir de tal constatação, com a impulsão de contra-ataque progressista nas ruas, discurso permanente à opinião pública e ação legal contra quem comete crime de apologia à sublevação armada", defende.

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